domingo, 27 de fevereiro de 2011



Não consigo mais rabiscar uma linha no caderno,
não consigo pensar em frases que tenham sentido, não consigo mais escrever;
nem sobre as árvores, nem sobre o vento, sobre os pássaros, e até
mesmo sobre a dor; não há mais razões, não há mais inspiração,
não há mais vontade. Esse é o último texto que escrevo.
Sinto-me inútil a cada linha que passa, pois tudo está bem aqui dentro,
cada palavra organizada delicadamente pelo meu coração com uma
grande ajuda do cérebro; coisa que nunca aconteceu antes;
cada palavra escolhida, selecionada e pensada.
E novamente tudo perde o sentido, as palavras, as frases, o texto, eu.
Vou tentar recomeçar novamente. Você é o meu texto,
as minhas palavras ensaiadas (mas que nunca necessitaram de ensaios);
são apenas palavras de um coração para outro coração.
Você é o meu enredo, a minha estrofe, a minha vontade,
a minha inspiração. Dizem que eu devo te esquecer,
dizem que eu devo te tirar de mim; que eu preciso arranjar
uma outra companhia qualquer, outros abraços, outros beijos,
outras vidas. Mas não faz sentido. Isso que eles querem
não me faz sentir o que você sempre fez. Eles não são você.
Eles não entendem o quanto você significa pra mim,
o quanto eu sou de você, o quanto há de você em mim.
Eles jamais poderão entender. Não se tira do corpo
o que se eternizou na alma. Estou tentando, aprendendo
novamente a fingir viver sem ter você. E os sorrisos forçados
voltaram para a minha vida. Será que dói em você como esta
doendo em mim? Você sente a minha falta? Você sonha comigo?
Passei a dormir mais cedo, tenho pesadelos com a noite em
que tudo terminou. Queria saber como você vem suportando isso,
queria saber se ainda lhe restam sorrisos sinceros,
se ainda lhe resta o amor que um dia foi nosso.
Voltei a beber, viver na incrível utopia gerada por uma garrafa,
ser mais feliz externamente mergulhando na tristeza
que existe interiormente. Mas logo me cansarei dessa utopia
e procurarei outras ilusões, quem sabe quimeras ou plutões.
E te procurarei novamente em mim, no cantinho infinito
que vive trancado, e lá te acharei. Intacto. Perfeito. E não mais meu.


Adeus...




Jenny F. ?

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